terça-feira, 5 de junho de 2012

A Coruja ou A Cereja



corujua
Eis a coruja em minha janela
– Bater asa é bom
Prosa porosa essa no meio da noite
Com uma linha só e a poesia no tom da voz
E na aparição, inesperada… como a alvorada
Só que essa sempre vem e não desenha um sorriso no rosto
– Me conta, cruja,
Diz pronhô donde é teu galho
Pra pegar cereja e fazer de licor
Pra pegar e beber e versar-te
E meter os escritos na garrafa e mandar
– Nunca já viu lua da poça!
Já fui chalaneira lá nos oestes só que vôo
Sou sozinha aqui em cima
E que cê me perdoe
Não sei ler
Sua poesia é pôca
Vale mais cereja pra mim
Sou alma boa e te dou umas
É partir pro folguedo de cheiro e cançoneta
Vendeiro de cabo a rabo de cachaça
Juquiri bibelado e mais só que sem fruto, licor quiçá
– Lembra de mim, minha voz, ó
Não lembrava de voz
Mas como esquecer
naquele fim de tarde
– Tentei alembrar
Lerdeando o corpo foi moleando
E a garrafa esvaziando
E esqueci da coruja, lembrei dela
no último gole
na última gota
de choro
Bugrêro num mas poeta, serve?
A janela vazia responde
A garrafa vazia também
coruja1

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