O Instituto Empretecos World oferece educação empreendedora e colabora para a formação de um polo tecnológico em Alfenas, MG
por Felipe DattNA PRÁTICA | “As aulas me deram boa base de finanças e administração”, diz Rosemar Cristiane Rosa, aluna do curso, que hoje é dona da padaria Boa Esperança. “Queremos mostrar que o empreendedorismo pode mudar a vida das pessoas”, diz Andrei Faria, presidente do Instituto Empretecos World. |
O ano de 2011 promete se tornar um marco para Alfenas, município de 80 mil habitantes, a 340 quilômetros de Belo Horizonte. Em novembro, mês em que comemora seu aniversário, a cidade lançou o edital de uma incubadora de empresas. É o primeiro passo para a formação de um polo de tecnologia e inovação. A iniciativa da prefeitura tem a participação de parceiros privados e de uma organização sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo: o Instituto Empretecos World. Criado em 2006, o Empretecos oferece formação aos jovens da cidade e atua em outras frentes, como o projeto do polo de tecnologia, para fomentar negócios. “Queremos mostrar que o empreendedorismo pode mudar a vida das pessoas”, diz o presidente do instituto, Andrei Costa Faria.
O Empretecos surgiu do sonho de Faria de montar uma rede social de empreendedores – uma espécie de Facebook de empresários de todo o Brasil, que poderiam se comunicar, fechar parcerias e expandir negócios. A motivação veio do Empretec, a plataforma de educação empreendedora da ONU. Faria fez um dos cursos do Empretec, ministrados no Brasil pelo Sebrae. Em 2008, foi levado pelo próprio Sebrae até Genebra, na Suíça, para apresentar na ONU seu projeto de rede social. Ali, ganhou visibilidade e inspiração para batizar sua ideia. E, sobretudo, consolidou a intenção de não apenas congregar empresários, mas formar jovens. “Em visita a escolas brasileiras, vi que o empreendedorismo não era um assunto discutido em sala de aula. Precisávamos de uma mudança cultural”, diz o empresário.
Assim, Faria montou o instituto para disseminar o tema com palestras e seminários em escolas e faculdades. Em 2010, inaugurou outro formato: organizou a primeira turma do programa Empreteco Júnior, voltado para jovens de 16 a 19 anos selecionados a partir de editais. Os alunos tiveram aulas com professores voluntários: acadêmicos e empreendedores locais que compartilharam sua experiência em disciplinas como liderança, comunicação, marketing, finanças e responsabilidade social.
Da primeira turma surgiram quatro empresas. Uma das alunas, Rosemar Cristiane Rosa, preferiu comprar um estabelecimento que já existia, a padaria Boa Esperança. Seu objetivo era adquirir experiência primeiro, para depois criar um negócio próprio. Pensou em abrir uma lanchonete, mas preferiu arriscar e investiu R$ 20 mil em uma padaria — um negócio mais complexo, que exige mais capital de giro e contato com maior número de fornecedores. Outra aluna da turma de 2010, Raíssa Oliveira, abriu com o pai, um técnico agrícola, uma pequena empresa varejista de legumes e verduras orgânicas.
EXPERIÊNCIA PARA COMEÇAR “Sempre quis ter meu próprio negócio”, diz Albert Pereira, aluno que criou a Bluzon Camiseteria. “Agora, quero montar uma agência de propaganda.” Raíssa Oliveira, da primeira turma do curso, abriu uma varejista de legumes e verduras: “Eu cuidava da parte administrativa, e meu pai, das plantações”. |
Na segunda edição do curso, que terminou em dezembro, o instituto remodelou o programa. Selecionou 25 alunos, em vez de 30, e ampliou a duração para nove meses. O time de professores e empresários passou a incluir especialistas em tecnologia, propaganda e marketing e administração. “Agora, as empresas criadas têm pelo menos um pé na internet: sugerimos, por exemplo, que todas tenham sites para vender seus produtos on-line”, diz Faria.
Um dos frutos da segunda turma é a Bluzon Camiseteria, que vende camisetas estampadas com personagens de desenho animado e grupos de rock. O projeto foi apresentado a apoiadores locais e 23 deles compraram cotas que possibilitaram o início das atividades. A empresa presidida por Albert Pereira, de 16 anos, comercializou sua centésima camiseta apenas dois meses após seu surgimento.
Além dos cursos de longa duração, o Empretecos também realiza palestras e seminários. Em 2008 e 2009, esses eventos reuniram 950 jovens. No ano passado, outros 700. “Explicamos a importância do comportamento empreendedor mesmo para quem opta por trabalhar como funcionário”, diz Faria. Ele mesmo empreendeu depois de seguir outro caminho profissional: durante 13 anos, foi piloto de aviação. Somente em 2000 decidiu montar duas agências de turismo.
Hoje, com o programa Empretecos Júnior já consolidado, Faria volta a reforçar sua rede social de empresários: o portal Empretecos, embrião do instituto, tem como meta chegar a dez mil empreendedores.
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