Santiago Cueto Caballero, pesquisador do Grupo de Análise para o Desenvolvimento (GRADE) e Presidente da Sociedade de Investigação Educativa Peruana, considerou que o modelo educativo dos últimos anos contribuiu para a perda da identidade cultural dos povos indígenas do Peru.
"O que ocorre e ocorreu historicamente no Peru é uma grande violência educativa, onde as crianças que têm uma língua materna chegam a uma escola e se encontram com um docente que apenas fala castelhano, o que conduz ao estudante a se perguntar qual é a língua que realmente importa e lhe obriga a realizar uma transição cultural”, diz Cueto.
Indicou que a educação se converteu em um instrumento de assimilação cultural muito forte que prioriza o castelhano e tem pouco respeito pelas culturas e tradições locais, reforçando seu domínio e propiciando que paulatinamente diversas línguas venham desaparecendo.
"As populações indígenas ao longo dos últimos séculos têm sido vítimas de um processo de exclusão ou de uma espécie de destruidora cultural e linguística, que teve no sistema educativo seu primeiro aliado”, manifesta Cueto, quem está convencido que de seguir neste mesmo caminho pode se perder diversas línguas na América Latina.
O investigador de GRADE informou que os países que alcançaram bons sistemas de Educação Intercultural Bilingüe (EIB) o conseguiram por uma decisão política, desenvolvendo o potencial da população, com um trabalho desde sua língua e sua cultura.
"Na América do Sul, o único país onde se promove ativamente o ensino de sua língua local a escala nacional é o Paraguai com o guarani. Todos falam castelhano, mas também conhecem de sua língua nativa, sua cultura e reforçam sua identidade”, disse.
Cueto Caballero, apontou que um dos desafios para alcançar uma Educação Intercultural Bilíngue no Peru se inicia no plano político. Com uma verdadeira vontade de respeitar todas as línguas e desenvolver um bom modelo educativo a partir da discussão deste tema.
Precisamente a sexta-feira 26 de octubre se realizará o IV Fórum Nacional Interculturalidade, Bilinguismo e Ciudadania, organizado pelo Instituto Peruano de Avaliação, Acreditação e Certificação da Qualidade da Educação Básica (IPEBA), no auditório de IPAE.
"O maior desafio é ter um bom modelo educativo, ter docentes e diretores capazes de levar adiante este plano de uma maneira flexível em cada uma das instituições. Nós temos visto que em muitos casos os docentes vão a zonas remotas, mas não sabem ler nem escrever na língua local, apenas a falam. Se necessitam de bons programas para a capacitação docente para levar adiante a EIB”, expressou.
O Instituto Peruano de Avaliação, Acreditação e Certificação da Qualidade da Educação Básica – IPEBA é uma instituição pública e autônoma, órgão operador do Sistema Nacional de Avaliação, Acreditação e Certificação da Qualidade Educativa (SINEACE).
O IPEBA tem como uma de suas ações principais a elaboração de padrões de aprendizagem. Estes padrões constituem referentes que orientam a ação educativa e a tomada de decisões na escola e nas instâncias de gestão de todo o sistema, em prol da melhora da qualidade.
A notícia é de Servindi
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