O termo cidade inteligente (CI) tem vários significados. Podem ser encontradas na literatura pelo menos cinco descrições do que seja uma cidade inteligente:
1. uma CI muitas vezes é definida como uma reconstrução virtual de uma cidade, ou como uma cidade virtual (Droege, 1997). O termo já foi usado como um equivalente de cidade digital, cidade da informação, ‘cidade conectada’, telecidade, cidade baseada no conhecimento, comunidade eletrônica, espaço comunitário eletrônico etc., cobrindo uma ampla gama de aplicações eletrônicas e digitais, relacionadas ao espaço digital de cidades e comunidades (MIMOS).
2. um outro significado foi dado pela World Foundation for Smart Communities (ou “Fundação Mundial de Comunidades Inteligentes”), que associa cidades digitais ao crescimento inteligente, um tipo de desenvolvimento baseado nas tecnologias da informação e comunicação. “Uma Comunidade Inteligente é uma comunidade que fez um esforço consciente para usar a tecnologia da informação para transformar a vida e o trabalho dentro de seu território de forma significativa e fundamental, em vez de seguir uma forma incremental” (California Institute for Smart Communities, 2001).
3. uma CI também pode ser definida como um ambiente inteligente, que embute tecnologias da informação e da comunicação (TIC) que criam ambientes interativos, que trazem a comunicação para o mundo físico. A partir desta perspectiva, uma cidade inteligente (ou em termos mais gerais um espaço inteligente) se refere a um ambiente físico no qual as tecnologias de comunicação e de informação, além de sistemas de sensores, desaparecem à medida que se tornam embutidos nos objetos físicos e nos ambientes nos quais vivemos, viajamos e trabalhamos (Steventon e Wright, 2006).
4. uma cidade inteligente também é definida como um território que traz sistemas inovativos e TIC dentro da mesma localidade. O Forum de comunidades inteligentes (2006) desenvolveu uma lista de indicadores que criam um quadro conceitual para a compreensão de como as comunidades e regiões podem ganhar vantagem competitivas na economia de hoje, que pode ser chamada de Economia da Banda Larga. Para se ter uma cidade inteligente (CI) é necessário combinar: (1) oferta ampla de banda larga para empresas, prédios governamentais e residências; (2) educação, treinamento e força de trabalho eficazes para oferecer trabalho do conhecimento; (3) políticas e programas que promovam a democracia digital, reduzindo a exclusão digital, para garantir que todos setores da sociedade e seus cidadãos se beneficiem da revolução da banda larga; (4) inovação nos setores público e privado e iniciativas para criar agrupamentos econômicos e capital de risco para apoiar o desenvolvimento de novos negócios; e (5)marketing do desenvolvimento econômico efetivo que alavanque a comunidade digital, para que ela atraia empregados e investidores talentosos.
5. na mesma linha, cidades (ou comunidades, clusters, ou regiões) inteligentes são aqueles territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizado e inovação, que já é embutida na criatividade de sua população, suas instituições de geração de conhecimento, e sua infra-estrututura digital para comunicação e gestão do conhecimento. A característica distintiva de uma cidade inteligente é o grande desempenho no campo da inovação, pois a inovação e a solução de novos problemas são recursos distintivos da inteligência (Komninos 2002 and 2006).
Confira As Três Dimensões das Cidades Inteligentes
As cidades inteligentes evoluem na direção de uma forte integração de todas dimensões da inteligência: humana, coletiva e artificial, disponíveis em uma cidade. Elas são construídas como aglomerados multi-dimensionais, combinando as três principais dimensões (Komninos 2006, 17-18; Komninos 2008, 122-123).
A primeira dimensão está ligada às pessoas da cidade: a inteligência, inventividade e criatividade dos indivíduos que vivem e trabalham na cidade. Esta perspectiva foi descrita porRichard Florida (2002)[7] como ‘cidade criativa’, que agrega os valores e desejos da ‘nova classe criativa’, constituída pelo talento e conhecimento de cientistas, artistas, empresários, capitalistas de risco, além de outras pessoas criativas, que têm enorme impacto na determinação de como é organizado o espaço de trabalho e, portanto, se as companhias vão prosperar, e se a cidade vai se desenvolver ou não.
A segunda dimensão tem a ver com a inteligência coletiva da população de uma cidade: ‘a capacidade de comunidades humanas cooperarem intelectualmente na criação, na inovação e na invenção’; ‘o aprendizado e o processo criativo coletivos realizado através de trocas de conhecimento e de criatividade intelectual’; ‘a capacidade de um grupo se organizar para decidir a respeito de seu próprio futuro e controlar as formas de atingi-lo em contextos complexos’ (Atlee 2004).[8] Esta dimensão é baseada nas instituições da cidade que permitem a cooperação no conhecimento e na inovação.
A terceira dimensão é relacionada com a inteligência artificial embutida no ambiente físico da cidade, e disponível para sua população: a infra-estrutura de comunicação, os espaços digitais e as ferramentas públicas para a solução de problemas disponíveis para a população da cidade.
Assim, o conceito de “cidade inteligente” integra todas as três dimensões mencionadas de uma aglomeração: seus espaços físicos, a institucionais e digitais. Consequentemente, o termo “cidade inteligente” descreve um território com
1. atividades bem desenvolvidas relacionadas a conhecimento, ou grupos de tais atividades;
2. rotinas embutidas de cooperação social, permitindo o que o conhecimento e o know-how sejam adquiridos e adaptados;
3. um conjunto desenvolvido de infra-estrutura de comunicação, espaços digitais e ferramentas de conhecimento e inovação; e
4. uma habilidade comprovada de inovar, gerenciar e resolver problemas que apareçam pela primeira vez, uma vez que a capacidade de inovar e gerenciar a incerteza são os fatores críticos para se medir inteligência.
Fonte:http://www.tedxpelourinho.com.br/2012/cidadeinteligente/
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