| Hugo Chávez |
Hugo Chávez Frías GColIH (Sabaneta, 28 de julho de 1954 — Caracas, 5 de março de 2013) foi um político e militar venezuelano, tendo sido o 56.º presidente da Venezuela. Como líder da Revolução Bolivariana, Chávez advogava a doutrina bolivarianista, promovendo o que denominava de socialismo do século XXI.Chávez foi também um crítico do neoliberalismo e da política externa dos Estados Unidos.
Oficial militar de carreira, Chávez fundou o Movimento Quinta República, da esquerda política, depois de capitanear um golpe de estado mal-sucedido contra o governo de Carlos Andrés Pérez, em 1992]
Chávez elegeu-se presidente em 1998, encerrando os quarenta anos de vigência do Pacto de Punto Fijo com uma campanha centrada no combate à pobreza.Reelegeu-se, vencendo os pleitos de 2000 e 2006.
Com suas políticas de inclusão social e transferência de renda obteve enorme popularidade. Durante a era Chávez, a pobreza entre os venezuelanos caiu de 49,4% para 27,8%.
No plano político, fundiu vários partidos de esquerda no PSUV, centralizou o poder e controlou a Assembleia Nacional, o Supremo Tribunal de Justiça, o Banco Central da Venezuela e a indústria petrolífera do país. Chávez promoveu internacionalmente o antiamericanismo e o anticapitalismo, apoiou aautossuficiência econômica e defendeu a cooperação entre as nações pobres do mundo, especialmente aquelas da América Latina. Sua atuação na região incluiu a criação da ALBA e o apoio financeiro e logístico a países aliados.
As políticas de Chávez suscitaram controvérsias na Venezuela e no exterior, polarizando opiniões de analistas. Segundo o governo dos Estados UnidosChávez era uma ameaça à democracia na América Latina. Observadores internacionais, como Jimmy Carter e a ONG Human Rights Watch, criticaram o "autoritarismo" de Chávez e o "amplo espectro de políticas que minaram os direitos humanos" no país, durante seu governo. Por outro lado, muitos simpatizaram com sua ideologia, com as políticas sociais do seu governo e com sua política externa, voltada à integração latino-americana e às relações sul-sul, mediante incremento de trocas bilaterais e acordos de ajuda mútua. Em 2005 e 2006 ele foi nomeado uma das 100 pessoas mais influentes pelarevista Time.
Sua Vida
Hugo Chávez nasceu em Sabaneta, no estado venezuelano de Barinas. Era o segundo dos seis filhos de Hugo de los Reyes Chávez e Elena Frías, ambos professores primários. Cresceu em ambiente modesto. Ainda pequeno, seus pais o confiaram à sua avó paterna, Rosa Inés Chávez.
Frequentou a escola primária no Grupo Escolar Julián Pino, em Sabaneta. O ensino secundário foi cursado no Liceu Daniel Florencio O' Leary, na cidade deBarinas. Desde a sua juventude, Chávez é um apreciador de atividades esportivas, em particular do baseball.
Aos 17 anos, Hugo Chávez ingressou na Academia Militar da Venezuela, graduando-se, no ano de 1975, em Ciências e Artes Militares, ramo de Engenharia. Prosseguiu na carreira militar, atingindo o posto de tenente-coronel.
Chávez casou-se duas vezes: a primeira com Nancy Colmenares, com quem teve três filhos (Rosa Virginia, María Gabriela e Hugo Rafael), e a segunda com a jornalista Marisabel Rodríguez, de quem se separou em 2003 e com quem teve uma filha, Rosinés. Além disso, enquanto era casado com a sua primeira esposa, Chávez manteve uma relação amorosa durante cerca de dez anos, com a historiadora Herma Marksman.
Atividade política
No dia 4 de fevereiro de 1992, o então tenente-coronel Hugo Chávez, comandando cerca de 300 efetivos, protagonizou um golpe de Estado contra o presidenteCarlos Andrés Pérez, da Acción Democrática (1974-1979 e 1989-1993).
Os partidários de Chávez justificaram essa ruptura constitucional como uma reação à crise econômica venezuelana, marcada por inflação e desempregodecorrentes de medidas econômicas adotadas por Pérez, logo após a sua posse, em face da grave situação econômica por que passava o país..
De fato, violentas manifestações populares vinham ocorrendo ao longo dos anos anteriores. A maior delas fora o chamado "Caracazo", uma revoltaespontânea motivada pelo aumento do preço das passagens de ônibus ocorrido em 27 de fevereiro de 1989, em Caracas. Durante o "Caracazo", ônibus eram apedrejados e queimados em todo o país, e lojas, supermercados, shopping centers, pequenos comércios, nada escaparia aos saques de uma turbulência em que já não se podia discernir o que eram trabalhadores em protesto ou simples miseráveis famintos. Gangues urbanas se juntaram à confusão para promover vandalismo, roubos e invasões de estabelecimentos".
Embora fracassada, a tentativa de golpe em 1992 serviu para catapultar Hugo Chávez no cenário nacional. Depois de cumprir dois anos de prisão, Chávez foi anistiado pelo novo presidente, Rafael Caldera Rodríguez, e abandonou a vida militar, passando a se dedicar à política. O agravamento da crise social e o crescente descrédito nas instituições políticas tradicionais o favoreceram.
Em 1997, Chávez fundou o Movimiento V República (MVR) e, nas eleições presidenciais de 6 de dezembro de 1998, apoiado por uma coligação de esquerda ecentro-esquerda - o Polo Patriótico - organizada em torno do MVR, Chávez elegeu-se com 56% dos votos.
| Logotipo do Movimento Quinta República, pintado numa casa de Barcelona. |
Assumiu a presidência da Venezuela em 1999, para um mandato inicialmente fixado em cinco anos, pondo fim a quatro décadas de domínio dos chamados partidos tradicionais - a Acción Democrática (AD) e o Comité de Organización Política Electoral Independiente(COPEI). Ao tomar posse, em 2 de fevereiro de 1999, decretou a realização de um referendo sobre a convocação de uma nova Assembleia Constituinte. Em 25 de abril do mesmo ano, atendendo ao plebiscito, 70% dos venezuelanos manifestam-se favoráveis à instalação da Constituinte.
Nas eleições para a Constituinte, realizadas em julho de 1999, os apoiadores de Chávez - a coligação Pólo Patriótico - conquistam 120 dos 131 lugares. Do ponto de vista da estrutura de poder político, a Constituição da Quinta República da Venezuela (mais tarde denominada República Bolivariana de Venezuela) outorgou maiores poderes ao presidente, ampliando as prerrogativas do executivo, em detrimento dos demais poderes. O parlamento tornou-se unicameral, com a extinção do Senado. Houve também aumento do espaço de intervenção do Estado na economia e avanços no tocante ao reconhecimento de direitos culturais e linguísticos das comunidades indígenas.
Em razão da nova ordem constitucional, foram realizadas novas eleições presidenciais e legislativas em 30 de julhode 2000, nas quais Chávez reelegeu-se presidente da República e o Polo Patriótico conquistou a maioria dos assentos na Assembleia Nacional.
Governo Chávez
| Hugo Chávez no Fórum Social Mundial de 2003. |
Em novembro de 2000, a Assembleia Nacional tinha aprovado a denominada Ley Habilitante, por meio da qual o presidente poderia governar por decreto durante o período de um ano, sem necessitar da Assembleia Nacional para aprovar leis. A medida foi muito criticada alegando-se que os poderes extraordinários concedidos a Chávez seriam ditatoriais.
Entre esse mês e novembro do ano seguinte, Chávez promulgou um total de 49 decretos. Entre esses encontravam-se a Lei de Hidrocarbonetos, que fixava a participação do Estado no setor petrolífero em 51%, e a Lei de Terras e Desenvolvimento Agrário, prevendo a expropriação de terras latifundiárias. As novas leis estariam na origem da contestação social, oriunda principalmente dos sectores empresariais, mas que em breve se estendeu a alguns setores sindicais, à ala conservadora da Igreja Católica e às empresas privadas de rádio e televisão, que acusavam o presidente de querer tornar a Venezuela um país comunista, inconformadas pelo cancelamento de concessões de funcionamento de algumas emissoras.. Houve ainda quem acusasse o seu governo de ser tipo de ditadura e por perseguir adversários políticos.
Chávez dedicou parte do ano de 2001 a uma série de viagens internacionais, visitando Portugal, onde manteve uma audiência com o presidente Jorge Sampaio, que o agraciou com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, no dia 8 de Novembro. Aproveitou ainda para se deslocar à ilha da Madeira, de onde é oriunda uma importante comunidade emigrante residente na Venezuela, tendo sido recebido pelo presidente do governo regional Alberto João Jardim.
No dia 10 de dezembro de 2001, a Federación de Cámaras, de Comércio y Producción (Fedecámaras), que agrupa os setores empresariais do país, e a Confederación de Trabajadores de Venezuela (CTV, Confederação de Trabalhadores da Venezuela) convocaram uma greve de 12 horas em protesto pelas medidas governamentais. Classificada de sucesso pelos organizadores, a greve não conseguiu no entanto revogar as leis aprovadas.
No final de fevereiro de 2002, Chávez decidiu demitir os gestores da companhia estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) e substitui-los por pessoas da sua confiança, o que gerou profundas críticas.Em protesto, e para tentar forçar a saída do presidente, seus opositores se apoderaram do controle sobre os poços de petróleo. A PDVSA controla 95% da produção venezuelana, operando 14.800 poços de petróleo. Metade deles foi paralisada devido à greve dos trabalhadores da empresa. O descontentamento com a liderança de Chávez começa a atingir alguns sectores do exército e antigos apoiantes o abandonam, como Luis Miquilena um dos fundadores do partido.
Em face dos acontecimentos, a Confederação de Trabalhadores (CTV) decidiu convocar uma nova greve em solidariedade com os gestores e outros trabalhadores afastados da PDVSA. A greve foi convocada para o dia 9 de abril de 2002 e deveria ter a duração de dois dias, mas acabou por se prolongar.
Golpe de Estado
No dia 11 de abril um grupo de manifestantes fez uma marcha, para pedir a demissão de Chávez,. A marcha no entanto teve seu trajeto alterado durante o evento, por seus organizadores, para o Palácio de Miraflores. onde se encontrava uma contra-manifestação de apoio ao presidente. Quinze pessoas acabariam mortas e mais de 100 feridas em resultado de confrontos entre as duas facções.Não é ainda claro quem foram os responsáveis pelos acontecimentos, circulando diferentes versões em torno dos mesmos. Entretanto, em meio ao golpe, Chávez para as transmissões das televisões privadas e as altas patentes militares pedem a demissão do presidente.
| Chávez em comício com seguidores, anterior ao referendo de 2004. |
No dia 12 de abril o general Lucas Rincón, chefe das Forças Armadas, anunciou que Chávez se tinha demitido, tendo o presidente da Fedecámaras, Pedro Carmona, assumido a presidência da República. Na meia noite de sábado para domingo Hugo Chávez conseguiu enviar uma mensagem dizendo: "No he renunciado al poder legítimo que el pueblo me dio. Por siempre Hugo Chávez".
Carmona dissolveu a Assembleia, os poderes judiciais e atribuiu-se a si próprio poderes extraordinários. Carmona declarou publicamente que no prazo de um ano se celebrariam novas eleições presidenciais e legislativas.Os eventos geraram levantamentos populares nas ruas de Caracas protagonizados por apoiantes do presidente deposto.
Soldados leais a Chávez, reagindo aos acontecimentos, organizam um contra golpe de Estado e retomaram o Palácio de Miraflores. Diosdado Cabello, vice-presidente de Chávez - que tinha permanecido fiel ao regime - assumiu a liderança temporária do país e declarou que: "a ordem Constitucional estava plenamente restabelecida e que as autoridades legítimas exerciam suas funções".
Nas horas seguintes Chávez foi libertado da prisão na ilha de La Orchila e regressa a Caracas para retomar a chefia do estado.Logo após a reversão do golpe de estado, intentado contra Chávez, a imprensa venezuelana mostrou-se dividida quanto à sua interpretação e às suas consequências.
Vários integrantes do governo dos Estados Unidos tinham vindo a manter frequentes contatos com diversos líderes golpistas, nos meses e principalmente nas semanas anteriores ao golpe. Entretanto o governo americano negou, por diversas vezes, que estivesse patrocinando, ou sequer apoiando, qualquer solução não-democrática para a Venezuela: Os Estados Unidos não sabiam que haveria essa tentativa de derrubar ou de tirar de Hugo Chávez do poder, declarou um alto oficial do governo americano (Newsday, 11/24/2004). O governo de Chávez alegou, meses depois do golpe, que os Estados Unidos apoiaram o golpe de estado, afirmando que nos dias do golpe os radares do país detectaram a presença de navios e aviões militares americanos em território venezuelano.
Em 4 de junho de 2002 a Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos aprovou uma Declaração Sobre a Democracia Na Venezuela, condenando ogolpe de estado ocorrido em 11 de abril daquele ano.
Economia da Venezuela no governo Chávez
| Refinaria da PDVSA em Los Taques, com um pôster de Hugo Chávez. O petróleo foi a principal fonte de renda da Venezuela no governo Chávez. |
| Em 2007, a Venezuela teve a maior inflação daAmérica. |
Tradicionalmente - desde 1930, quando a Venezuela, ao invés de desvalorizar a moeda para proteger sua agricultura, optou por importar tudo o que consome, usando para isso suas receitas do petróleo - o país produz muito poucos alimentos.
Em 2009, o país entrou numa profunda crise, resultante da questionável política econômica centralizadora do governo Chávez[carece de fontes]. O presidente chegou a propor que os venezuelanos tomassem menos banho para economizar água e energia. Não obstante, procedeu à nacionalização de todos os bancos que se recusassem a oferecer mais crédito aos correntistas.
O petróleo é a maior riqueza da Venezuela, e responde por 90% de suas exportações, 50% de sua arrecadação federal em impostos, e 30% do seu PIB. Os maiores importadores de petróleo venezuelano foram, em 2006, Bermuda 49.5% (paraíso fiscal, presumíveis re-exportações.), Estados Unidos 23.6%, e Antilhas Holandesas 6,9% (paraíso fiscal, presumíveis re-exportações.).
Apesar das riquezas geradas pelo petróleo, 37,9% da população venezuelana viviam abaixo da linha de pobreza no final de 2005. O coeficiente de Gini foi estimado pela ONU em 48,2 (2003), um dos trinta piores resultados no planeta. Países que possuem produção petrolífera muito acima de seu consumo, e baseiam sua economia nisso, costumam experimentar a doença holandesa — têm sua riqueza extremamente mal distribuída, geralmente concentrada nas mãos de uma pequena elite, e não desenvolvem outros potenciais econômicos pela facilidade demasiada que a extração de petróleo proporciona, e a Venezuela não é exceção.
Análise da distribuição de renda 2003 — 2005
De acordo com o estudo Perfil sócio-demográfico apresentado pelo Instituto Datos, numa conferência realizada na Câmara de Comércio Venezuela-Estados Unidos, o grupo "E", que corresponde a 15,1 milhões de venezuelanos da população mais pobre, com renda de até US$ 200 por domicílio, teve sua renda aumentada em 53% entre 2003 e 2004 (33% descontada a inflação).
Segundo o mesmo instituto, em 2005 a renda do estrato "E" da população venezuelana (58% da população da Venezuela) continuou aumentando mais rapidamente que a dos estratos de renda mais alta. A renda da classe "E cresceu mais 32% em termos nominais (cerca de 16% em termos reais) de 2004 para 2005, enquanto que a da classe "D" cresceu 8%, e a da classe "C" cresceu 15% (valores nominais).
| Índios da etnia Wayuu aprendendo a ler com a Missão Robinson, uma das missões bolivarianas instituídas por Chávez. |
Entretanto, o segmento "D" (23% da população venezuelana) viu seu padrão de vida declinar entre 2003 e 2005, não tendo sua renda conseguido sequer acompanhar a inflação. O grupo "D" é composto pelos assalariados dos menores salários, um grupo que, por um lado, não é pobre o bastante para ser incluído nos programas sociais do governo e, por outro lado, não teve força suficiente para reivindicar melhores salários de seus empregadores. O segmento "C" (15% da população), que representa a classe média baixa, mal conseguiu manter seu poder aquisitivo no período.
Política social
A política social foi uma das principais propagandas do governo Chávez, porém os ganhos com o petróleo não resolveram os problemas de infraestrutura. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas, a pobreza ainda atinge 60,1% da população.
Política externa
| Luis Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez eNéstor Carlos Kirchner. |
Chávez buscou alianças com governos de esquerda da América Latina, culminando na formação da ALBA. Entre seus principais apoiadores na região, encontram-se os presidentes da Bolívia e do Equador, Evo Morales e Rafael Correa. Chávez também defendeu numerosas vezes o governo do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, além de ter se aproximado da Rússia.
A política externa do governo Chávez antagonizou o governo colombiano, na figura do presidente Álvaro Uribe Vélez, a ponto de gerar uma crise diplomática em 2008. Chávez se opôs às ações militares de Israel no Oriente Médio e ao governo de George W. Bush, nos Estados Unidos.
Morte
Em 5 de março de 2013, segundo o então vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, Hugo Chávez morre aos 58 anos na capital Caracas, às 16h25m locais;em decorrência de um câncer na região pélvica, e de infeção respiratória aguda. No entanto, várias agências noticiosas referem que o anúncio foi feito horas depois do falecimento de Chávez, que teria ocorrido em Cuba, tendo o corpo sido transportado para Caracas.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Hugo_Ch%C3%A1vez







0 comentários:
Postar um comentário